quarta-feira, 18 de junho de 2025

VIOLÊNCIA SOCIAL E ESPIRITUALIDADE

“É por meio da renovação interior que o homem encontrará condições
de evitar ações violentas, que criam o ciclo vicioso que vivemos hoje”


Ultimamente, o que mais temos visto não só na mídia, mas ao nosso redor, é a tão temida violência. Ela está nos jornais, nas revistas, na televisão, no esporte, na política, nos filmes e até mesmo em programas infantis e desenhos, que, ao invés de estimularem a criatividade e o mundo de imaginação da criança, incentivam a guerra e a violência pessoal. Nossos filhos vivem essa agressividade televisiva e nós os deixamos envolvidos nesta situação, sem forças e, talvez, sem meios para afastá-los disso.

E não é só. Temos ainda a violência no campo rural, na fome, na mortalidade infantil, no trânsito, na prostituição adulta e infantil e até mesmo nos meios policiais. Entretanto, qual é a atitude que tomamos, como pessoas de bem, diante desse tema? Um café, uma bebida, um assunto qualquer, um afazer doméstico ou um compromisso social. Ou seja, não fazemos nada.

Mas quais são as causas desta violência? São muitas, porém, uma das principais é a exclusão social. Em um artigo intitulado "Causas da violência no Brasil", publicado na edição nº 10 da Revista Cristã de Espiritismo, o espírito chamado Calixto explica que "é por causa dela que, apesar da índole pacifista desta nação, vivemos hoje neste ambiente de violência e terror urbanos, porque uma parcela da sociedade somente se imagina buscando o que precisa vivendo à margem dela". E completa: "Estamos todos ainda no mesmo território e muitos precisam viver com as portas trancadas e andar cautelosos nas vias públicas. Esta é uma dívida coletiva e, para as vítimas fatais, comporta resgates individuais".

Sabemos que, pela Lei de Ação e Reação, todos somos devedores, mas que atitude devemos tomar? Será que devemos aceitar esta violência sem fazer nada, como se estivéssemos determinados a ela?

Vemos as pessoas cobrando os responsáveis por nossa segurança a todo instante, mas nunca fazendo um mea-culpa, para ver até onde vai nossa parcela de contribuição nesta violência. Afinal de contas, quase todo dia cometemos um ato violento, nem que seja através do pensamento ou da maledicência contra um irmão, além de buscarmos formas cada vez mais agressivas para acabar com a violência, como pena de morte, extermínio, tortura, cerceamento da liberdade em condições subumanas etc. Ou seja, criamos um ciclo vicioso de agressões.

No livro Após a Tempestade, psicografado por Divaldo Pereira Franco, Joanna de Ângelis afirma ser justo que o homem que cai nas malhas do crime seja cerceado do convívio social, para que possa se tratar e se corrigir, resgatando faltas cometidas através de processos compatíveis com as conquistas da civilização moderna. Mas Joanna lembra: "De forma alguma a pena de morte diminui a incidência da criminalidade. Ao contrário, torna-a mais violenta e selvagem. Se o Estado ceifa a vida de um cidadão, não tem o direito de exigir que outros a respeitem".

A renovação do homem

Como podemos ver, a violência está enraizada no ser humano, que a tem vivido e até mesmo cultivado através dos milênios. Não estamos falando aqui nada que a maioria das pessoas desconheça, apenas alertando para um problema que existe e é real. A solução passa por uma transformação, uma renovação do homem como forma de mudar a sociedade da qual ele é membro efetivo e atuante. "O homem iluminado interiormente pela flama cristã da certeza quanto à sobrevivência do espírito ao túmulo e de sua antecedência ao berço, sabendo-se herdeiro de si mesmo, modifica-se e muda o meio onde vive, transformando a comunidade. A vida humana resulta dos espíritos que a compõem", afirma Joanna de Ângelis em Após a Tempestade.

Assim, o ser humano se despoja do homem velho para dar lugar ao novo, a fim de renovar suas atitudes sociais e morais. A reencarnação é o meio adequado para esta renovação, pois, a cada vivência, o espírito evolui através de enganos e acertos. O mal é persistente, organizado e pungente, mas o bem o supera, pois ele é amor, lei natural e criação divina, ao passo que o mal é apenas um desvio temporário nos atalhos da evolução.

Portanto, todos nós, principalmente os espíritas, devemos nos unir para sempre buscarmos o bem, seja por meio de grupos de orações, evangelho no lar, sociedades envolvidas com a manutenção da paz ou eventos como a Cúpula do Milênio sobre a Paz, ocorrida em 2001, na qual diversos líderes religiosos e espirituais se juntaram para encampar um compromisso com o pacifismo global. "O homem supera a natureza desde o momento em que se torna capaz de se organizar em sociedade. Neste momento, deixa de ser o animal gregário das cavernas para adquirir uma nova natureza: um ser social", afirma José Herculano Pires em seu livro O Espírito e o Tempo.

A luta está aí e é necessário que façamos o "bom combate" com as armas do amor, a fim de alterarmos nosso padrão vibratório e, conseqüentemente, o do planeta Terra, que é o nosso lar. É uma luta minha, sua e de todos aqueles que acreditam em um mundo melhor, no qual o bem se sobreponha ao mal e que seja um local de regeneração. Nossa principal arma não é a violência, mas o evangelho de Jesus, pois é através dele que poderemos erradicar o mal da Terra um dia. Levará algum tempo para que isso ocorra? Com certeza, sim, mas não nos esqueçamos das palavras de André Luiz no livro Nosso Lar, psicografado por Chico Xavier: "Uma existência é um ato; um corpo, uma veste; um século, um dia; um serviço, uma experiência; um triunfo, uma aquisição; uma morte, um sopro renovador".

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 17.

Da série: QUARTA CRESCENTE 


MINHA OPINIÃO

          Todos se apressam em emitir opiniões sobre tudo. É inevitável, afinal, ter opiniões é o que nos torna únicos. O problema é que, a maioria das nossas opiniões são baseadas apenas em nossas convicções pessoais, nas experiências de vida e, pesarosamente, nas crenças limitantes que nos acompanham. Esses três fatores, tornam nossas assertivas muito particulares, transformando-as, muitas vezes, em desnecessárias ou cruéis. Exceto as colocações que fazemos baseadas em estudos técnicos, resultantes de pesquisa criteriosa ou de larga experiência prática em determinado assunto, todas as demais são, muitas das vezes, apenas para reforçar nosso orgulho em prevalecer sobre o outro ou tão somente para polemizar, discriminar e ofender. Não que precisemos nos calar, porém, também não precisamos menosprezar, vilipendiar ou humilhar. O fato do outro discordar não o torna inimigo, nem justifica atitudes canalhas. Se gostamos de respeito, precisamos respeitar. Mesmo quando as opiniões alheias são julgadas ofensivas, precisamos nos colocar com a atitude de quem está acima das mazelas humanas, pois, a paz começa em nós e, o mais sábio não é o que mais sabe a teoria e sim, o que mais a põe em prática. Precisamos nos lembrar de que atraímos aquilo em que vibramos. 

          Quando chamados ao debate de assunto que não dominamos tecnicamente (em sua maioria o são), em rodas de conversas com amigos ou em qualquer outra circunstância, o ideal seria emanarmos nossas opiniões com leveza, sem nos arvorarmos a estar cem por cento certos, afinal, a opinião é apenas um posicionamento, e, opinião todos tem sobre tudo. A opinião do outro é relevante pois, o fato de emiti-la a qualifica como convicção, mesmo que, a nosso ver, esteja equivocada. O cerne desta mensagem é justamente o respeito à opinião alheia. Reconhecer equívoco é um convencimento, não uma imposição, mas, o convencimento só vem se o argumento contrário fizer sentido e for baseado em verdades advindas de fatos. Quem está aberto a novos aprendizados facilmente se convence das novas realidades apresentadas, no entanto, a maioria não se abre para o novo como deveria, daí surgem as divergências e embates. Nessas horas, a ponderação, a paciência e, principalmente, a empatia devem imperar. Nem todos estão preparados ou dispostos a novos conceitos. Não vale a pena se indispor com amigos em razão da divergência de opiniões. Podemos tranquilamente conviver com pessoas diferentes de nós, basta respeitarmos os limites e reconhecermos os direitos alheios. Basta sermos cristãos! 

Muita Paz. 

Josnei Castilho